Cocaína em Tubarões

E aí? Você ouviu falar que pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) encontraram cocaína em tubarões no Rio de Janeiro?

Imagem: gerada pelo DALL-E, uma ferramenta de inteligência artificial desenvolvida pela OpenAI

O Que Encontraram?

Agora me diga, qual a primeira coisa que passa na sua cabeça sobre isso? Aposto que foi algo relacionado diretamente ao tráfico de drogas, né? Pois é... mas não! O buraco é bem mais embaixo. Quando falamos que encontraram cocaína em tubarões, queremos dizer que foram detectados níveis altos da substância no sistema muscular e fígado dos animais. Mas como essa droga foi parar no organismo deles?

Teorias Sobre a Contaminação

A coisa vai ficando mais complexa. Aposto que você pensou em pacotes de cocaína jogados ao mar, né? Embora isso seja comum em regiões como o México e a Flórida, essa hipótese é considerada menos provável para o Brasil. Outra teoria sugere que mergulhadores que abastecem navios com cocaína poderiam estar contribuindo para a contaminação das águas.

E os Tubarões?

Agora, e o tubarão? Como fica com os níveis altos de cocaína? A exposição crônica à cocaína pode ter efeitos fisiológicos negativos nos tubarões, incluindo possíveis alterações comportamentais e redução da expectativa de vida. Todas as fêmeas estudadas estavam grávidas, mas os efeitos da cocaína nos fetos ainda são desconhecidos.

Para piorar, lembre-se de que o tubarão é um animal topo de cadeia. Ele é carnívoro e pode estar acumulando níveis altos de cocaína no sistema ao predar outros animais contaminados. Ou seja, a presença de cocaína nos tubarões revela um problema mais amplo de poluição marinha e exposição a substâncias químicas perigosas. Estudos adicionais são necessários para entender completamente os impactos dessa contaminação nos ecossistemas marinhos e na saúde humana.

A Conexão com a Saúde Humana

E por que isso é relevante para a saúde humana? De forma simples, a contaminação pode chegar aos humanos que consomem esses tubarões, conhecidos como cações, comuns não apenas no Brasil, mas em outros países. No entanto, ainda não se sabe se a quantidade de droga ingerida através do consumo desses animais pode ser prejudicial à saúde humana.

A verdade é que a descoberta é nova, e é difícil afirmar o que vai acontecer com as populações marinhas atingidas por essa poluição de cocaína. Em seres humanos, os efeitos a longo prazo do uso de cocaína (inalando ou intravenoso) incluem problemas cardiovasculares graves, como ataques cardíacos, arritmias e hipertensão persistente. Também pode causar paranoia, alucinações, ansiedade severa e comportamento agressivo, além de convulsões, dores de cabeça severas e derrames devido ao impacto no sistema nervoso central.

O Tratamento de Esgoto e a Contaminação

Você pode perguntar: "Mas o sistema de tratamento de esgoto não limpa a água antes do descarte?" Pois é... a cocaína e seus metabólitos, como a benzoylecgonina, são quimicamente estáveis, dificultando sua degradação através dos processos convencionais de tratamento de esgoto. Além disso, são altamente solúveis em água, o que facilita sua dispersão e dificulta sua remoção por métodos físicos, como a sedimentação.

Os tratamentos convencionais de esgoto, que incluem processos como sedimentação, filtração e degradação biológica, não são suficientemente eficazes para remover contaminantes químicos complexos como a cocaína. Os sistemas de tratamento de esgoto são projetados principalmente para remover matéria orgânica e nutrientes (nitrogênio, fósforo), além de patógenos. Eles não são otimizados para eliminar microcontaminantes emergentes, como drogas ilícitas.

Para remover eficazmente a cocaína e seus metabólitos, seriam necessárias tecnologias avançadas, como ozonização, oxidação avançada ou membranas de nanofiltração, que são caras e não amplamente implementadas.

A Necessidade de Mais Pesquisas

É fundamental que mais pesquisas sejam realizadas para compreender os efeitos a longo prazo da cocaína nos tubarões e no ecossistema marinho como um todo. Estudos adicionais podem esclarecer os impactos fisiológicos, estabelecer parâmetros de testes e facilitar regulamentações para o tratamento correto do esgoto. Essas pesquisas são essenciais para desenvolver estratégias eficazes de mitigação e proteção ambiental.

Para finalizar, queria dizer que a imagem da foto do episódio é fake, ela foi feita através da IA, ok? Já falamos bastante sobre a presença de microplásticos na água e até em nosso corpo, mas e quanto aos níveis de cocaína em tubarões? Já tinha ouvido sobre isso? Conte para nós através da plataforma do podcast+, nos siga no perfil @biologaroficial no Instagram. Até a próxima!