Couro? Fake? Ecológico?
- biologar
- 14 de abr.
- 3 min de leitura
Polêmica: Tradição e Sustentabilidade
Já conversamos bastante sobre moda em 3 posts anteriores, mas hoje vamos tratar de um tema um pouco mais polêmico e específico: o couro. Quem nunca viu manifestações feitas por ONGs ou artistas pedindo para evitar o uso desse material? Vamos explicar o processo de fabricação do couro, falar sobre couro ecológico e couro fake, e no final você tira suas próprias conclusões sobre o tema. Combinado?

O Que é o Couro?
O couro é um dos produtos mais antigos da humanidade, com registros de uso de pele de animais há mais de 5 mil anos. No Brasil, o couro mais comum é o de boi e porco, mas também se utiliza couro de cabra, carneiro, terneiro, búfalo e cavalo.
O processo de tratamento do couro, conhecido como curtume ou alcaçaria, é longo e trabalhoso. Se não fosse por esse processo, a pele do animal apodreceria. Os principais passos incluem:
Salga: Armazenamento e transporte do couro, que deve ser feito rapidamente para evitar estragos.
Remolho: Transformação da pele em couro com a remoção do sal.
Depilação: Remoção dos pelos.
Caleiro: Limpeza da pele.
Desencalagem: Remoção do cal.
Acidificação: Pré-curtimento com regulagem de pH.
Curtimento: O processo final de transformação.
Impactos Ambientais do Processo de Curtume
Um dos impactos ambientais do curtume é o uso de produtos químicos, como o cromo, que é considerado um resíduo perigoso. Se não manuseados e descartados corretamente, esses produtos podem causar danos à saúde e ao meio ambiente. Além disso, o processo utiliza grandes quantidades de água, gerando efluentes que, se não tratados, podem contaminar lençóis freáticos, rios e reservatórios.
Atualmente, o Brasil exporta cerca de 65% de todo o couro produzido, com os maiores compradores sendo a China, Holanda e Itália. É importante ressaltar que o gado não é criado exclusivamente para a produção de couro; na verdade, o boi é um animal versátil, e todo o seu corpo pode ser aproveitado.
Economia Circular e Manejo Sustentável
O aproveitamento total do boi é um exemplo de economia circular. Além da carne, a pele é utilizada para o couro, o sebo pode ser transformado em biodiesel e produtos de higiene, e os ossos viram farinha para ração animal. Isso gera empregos e diminui a quantidade de resíduos.
O couro bem tratado pode durar décadas. Um exemplo pessoal é uma jaqueta de couro que comprei há mais de 20 anos e ainda está em ótimo estado. Às vezes, é necessário refletir sobre a durabilidade e qualidade de um item, pois um produto que dura anos pode compensar o investimento.
Couro Ecológico e Couro Fake
Quando se fala em "couro ecológico", é preciso atenção, pois esse termo abrange dois tipos de material: o couro natural, retirado de animais criados de forma orgânica, e o couro sintético, feito de materiais artificiais. O couro natural ecológico apresenta a mesma durabilidade do couro tradicional, mas seu processo de fabricação visa minimizar os impactos ambientais, utilizando químicos vegetais e reduzindo o consumo de água.
Por outro lado, o couro sintético é frequentemente feito de PVC, um material que contribui para a poluição dos rios e oceanos. O processo de produção do couro fake envolve produtos químicos tóxicos que podem causar sérios problemas de saúde.
De acordo com a Lei 4.888, de 1965, no Brasil, é proibido usar o termo "couro" para produtos que não sejam obtidos exclusivamente de pele animal. Portanto, é importante ter cuidado ao se referir ao couro sintético.
Alternativas Sustentáveis
Para quem busca alternativas veganas, existem opções como o Piñatex, feito de fibras de folhas de abacaxi, que apoia comunidades agrícolas locais. O algodão orgânico encerado também está se tornando popular, pois é flexível, impermeável e mais fácil de limpar do que o couro animal.
Depois de tudo isso, você ainda acha que o couro é tão vilão assim? Conte para nós aqui ou através da plataforma do podcastmais, nos siga no perfil @biologaroficial no Instagram e nas plataformas de áudio. Até a próxima!
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