GPS, sabe o que é?
- biologar
- 26 de abr.
- 4 min de leitura
Você ou sua família usam GPS quando se deslocam? Hoje em dia, é muito prático usar aplicativos como Google Maps e Waze, que não apenas guiam sobre diferentes rotas, mas também informam sobre radares, postos de combustível, restaurantes e muito mais em tempo real. Mas você já ouviu falar que o uso prolongado do GPS pode prejudicar o cérebro? Vamos entender mais sobre isso!
A História do GPS
Antes de entrarmos na polêmica, vamos relembrar que o Sistema de Posicionamento Global (GPS) foi originalmente desenvolvido pelos Estados Unidos durante a Guerra Fria como um sistema de navegação para fins militares. Seu desenvolvimento começou na década de 60, mas só foi formalmente implementado em 1972. O sistema é composto por uma constelação de satélites em órbita terrestre que transmitem sinais de rádio. Receptores no solo calculam sua posição com base na diferença de tempo que o sinal leva para chegar de vários satélites.
Até 1995, o uso do GPS era exclusivo para fins militares, mas após o abate de um avião civil por um erro de navegação, o governo dos EUA decidiu abrir o GPS para uso civil. A partir dos anos 2000, o uso comercial e cotidiano do GPS só aumentou, especialmente com a popularização dos smartphones e dispositivos móveis, tornando-se uma ferramenta indispensável para navegação pessoal.
O Impacto do Uso Prolongado do GPS
A história de que o uso do GPS a longo prazo prejudica o cérebro é verdadeira. Ao usar o GPS, as decisões sobre caminhos e desvios são tomadas pelo dispositivo, o que impede o desenvolvimento de habilidades de navegação espacial. Isso envolve as redes neuronais associadas ao reconhecimento de pontos de referência (landmarks). Uma revisão conduzida por Spiers e Maguire (2007) destacou a importância de usar mapas mentais para a navegação e como o uso de GPS pode diminuir essa capacidade.
O hipocampo, uma região-chave para a navegação espacial e a formação de mapas cognitivos, é afetado. A pesquisa de Maguire et al. (2000) com motoristas de táxi de Londres indicou que aqueles que memorizaram as ruas da cidade apresentavam um volume maior de hipocampo posterior, relacionado diretamente à navegação espacial autônoma. Quando o GPS substitui essas funções, o hipocampo é menos ativado, e a habilidade de navegação pode deteriorar com o tempo, podendo até atrofiar.
A Relação com a Memória
O hipocampo também está envolvido na memória episódica, que é a capacidade de relembrar eventos pessoais situados em um contexto espacial e temporal. Estudos como o de Bohbot et al. (2015) mostram que a navegação ativa fortalece as conexões entre o hipocampo e o córtex pré-frontal, promovendo a retenção de memórias episódicas. O uso de GPS pode reduzir essa interação, resultando em uma memória episódica mais fraca.
Além disso, o desenvolvimento de habilidades espaciais nas crianças está fortemente ligado à exploração do ambiente. O uso excessivo de GPS pode interferir nisso. Uttal et al. (2013) publicaram uma pesquisa que indica que a prática das habilidades espaciais durante a infância está relacionada ao desenvolvimento de redes neuronais robustas para orientação e reconhecimento espacial, algo que pode ser prejudicado pela dependência do GPS desde cedo.
O Lado Positivo do GPS
Embora o uso excessivo do GPS tenha suas desvantagens, ele também pode diminuir a carga cognitiva em cenários complexos, liberando recursos mentais para outras tarefas. Estudos sobre a carga cognitiva, como os de Sweller (2011), indicam que a redução da carga em tarefas não essenciais pode melhorar o desempenho em tarefas prioritárias, como dirigir com segurança ou prestar atenção a sinais importantes.
Encontrando o Equilíbrio
O segredo para garantir a saúde do seu cérebro é encontrar um equilíbrio no uso dos aplicativos que dão suporte via GPS. Uma das formas mais diretas de manter as habilidades de navegação ativas é reduzir o uso do GPS em situações cotidianas. Isso força o cérebro a reativar as áreas responsáveis pela memória espacial, como o hipocampo. A cada oportunidade, tente se orientar apenas com pontos de referência ou usando um mapa físico. Por exemplo, para deslocamentos curtos ou em áreas familiares, evite depender do GPS. Isso estimulará a formação de mapas mentais.
Dicas para Manter as Habilidades de Navegação
Jogos e Desafios: Jogos que envolvem memória espacial, como videogames com exploração em mundo aberto ou quebra-cabeças tridimensionais, podem ajudar a ativar as áreas relacionadas à memória espacial e navegação.
Exploração de Novos Ambientes: Caminhar por um bairro ou cidade desconhecida, sem o auxílio do GPS, exige que o cérebro crie novas representações espaciais, ativando redes neuronais associadas à navegação espacial.
Variar Rotas: Para evitar a monotonia de usar sempre o mesmo caminho, tente variar as rotas que você utiliza para ir a lugares familiares. Isso desafia o cérebro a criar novos mapas mentais e mantém as habilidades de navegação ativas.
Leitura de Mapas Físicos: Pratique a leitura de mapas físicos antes de começar uma viagem ou caminhada. Isso ativa as áreas do cérebro associadas à percepção espacial.
Exercícios Físicos: Corridas ou caminhadas em ambientes desconhecidos podem ajudar a estimular a criação de novas redes neurais no hipocampo. A atividade física é conhecida por promover a neurogênese e, quando combinada com desafios de navegação, tem um impacto ainda maior na memória espacial.
E aí, você já tinha ouvido que o GPS prejudica nosso cérebro? Conte para nós aqui ou através da plataforma do podcast+, nos siga no perfil @biologaroficial no Instagram e nas plataformas de áudio. Até a próxima!
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