Marsupial brasileiro?
- biologar
- 22 de abr. de 2021
- 4 min de leitura
Atualizado: 23 de abr. de 2021
Pense em um mamÃfero, fácil né.
Agora, pense em um marsupial. Arrisco dizer que você pensou no canguru, acertei? Também tem o coala, diabo da tasmânia e até espécies brasileiras!
Para entender melhor, marsúpio é uma pequena bolsa de pele que fica no ventre da fêmea. A diferença é que algumas espécies apresentam marsúpio apenas no perÃodo reprodutivo, em outras ela esta ausente. Esses animais possuem também aparelho reprodutor diferente de outros mamÃferos. Para você ter uma ideia, a fêmea apresenta 2 úteros, 2 vaginas laterais, uma vagina mediana e um canal pseudovaginal que permanece fechado até a hora do parto quando ele se abre para permitir o nascimento do filhote. Os machos apresentam um pênis bifurcado que possibilita a disseminação do sêmen para o interior das 2 vaginas da fêmea.
Em geral, o perÃodo de gestação é mais curto pois o filhote nasce ainda bem pequeno, mas com os membros anteriores, músculos faciais e lÃngua bem desenvolvidos, assim conseguem se prender aos mamilos presentes no interior do marsúpio para continuar com seu desenvolvimento. Já nas espécies que não tem marsúpio, o filhote também fica agarrado aos mamilos entre pequenas dobras do ventre da mãe. Aliás, os mamilos mais parecem fios ou canudos bem fininhos do que a mama que estamos acostumados a ver em outros mamÃferos.

Outra curiosidade é que os filhotes passam mais tempo no marsúpio que o perÃodo de gestação. E por vezes, alguns filhotes, mesmo já tendo condições de se alimentar e andar sozinho permanece agarrado à mãe por mais tempo, até mesmo se todos os irmãos já tiverem saÃdo!
Voltando o assunto mais para nosso pais, você sabia que há pelo menos 60 espécies de marsupiais daqui? Sim e há ao menos 14 famÃlias mais conhecidas como o gambá e a cuÃca! O gambá brasileiro do gênero Didelphis, onde a fêmea leva +/- 13 dias, já os filhotes podem ficar no marsúpio por até 3 meses! Lembrando que ele não tem nada a ver com o gambá que aparecem nos desenhos do Pepe le gambá! Nada de animalzinho preto com a listra branca como é comum nos Estados Unidos. O gambá brasileiro também conhecido por saruê tem mais jeitão de rato, mas não é roedor hein, é um marsupial. Aliás, o animal brasileiro que mais se aproxima em aparência a esse gamba dos desenhos é o zorrilho ou jaritataca, jeritataca...ele é preto com duas faixas brancas da cabeça ao rabo longo e peludo. E tem ocorrência desde o México até o estado de São Paulo nos biomas mais secos. Mas não se trata de um marsupial.

Voltando ao nosso saruê, quando adulto pode ter entre 60 a 90 cm e pesar + de 1,5 kg. Ele se alimenta de tudo que encontrar por aÃ, insetos, larvas, ovos, cobras, escorpiões, pequenos roedores, aves e frutas e vegetais. Ou seja, se você mora próximo a algum parque ou floresta cuidado com seu lixo pois ele é um potencial alvo para os gambás. Além das tubulações de ar e água que podem ser uma boa toca.
Ele adora escalar e antes que você pense mal, ele é considerado ótimo no quesito controle de pragas, além da alimentação citada eles ajudam no controle do temido caramujo africano que virou infestação e vetor de doenças no Brasil. Daà você deve lembrar de desenhos e histórias que o gambá quando se sente ameaçado pode soltar um odor bem ruim no ar. E é isso mesmo, ele tem uma glândula próxima ao ânus que exala esse lÃquido, mas não acredite naquela história de xixi voador que vai ser jorrado em você. As propriedades dessa secreção dos saruês são utilizadas como fixadores de perfumes. Por serem imunes à picada de escorpião, o saruê é importante para realização de pequisas e produção de antivenenos. Outro marsupial da mesma famÃlia do gambá, mas do gênero Philander é a cuica, bem menor quando comparada ao gambá, medindo até 30 cm. Também se alimenta de tudo, frutas, pequenos anfÃbios, répteis e insetos.
Ambos animais brasileiros citados acima em geral são confundidos com ratazanas ou como animal ameaçador e acabam sendo mortos. Para evitar a visita deles em sua casa basta ter atenção quanto a não deixar o lixo exposto, fechar vão entre a telha e o forro e ter telas em encanamentos da área externa. Ao encontrar um na estrada, rua ou quintal apenas dê o tempo dele sair sozinho, se possÃvel direcione-o para uma área verde segura. Eles tem os movimentos lentos, as vezes rosnam e mostram os dentes para assustar o predador mas tendem a fugir em seguida. Se estiver de noite a luz da lanterna atordoa ele e o torna mais lento ainda. Nos últimos anos, o encontro desses animais em áreas urbanizadas e os relatos nas redes sociais estão aumentando, não é difÃcil achar encardes explicando a importância desse animal silvestre, por isso protegido por lei, e acredite ou não, além de tudo ele ainda é predado por caça humana para alimentação!
Caso necessário, acione a polÃcia ambiental ou bombeiros local para retirar o animal da sua residência.
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Fonte: Toda Matéria, Educação UOL, Researchgate,
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