Reciclagem animal
- biologar
- 14 de abr.
- 3 min de leitura
Transformando ResÃduos em Recursos
Você já ouviu falar sobre reciclagem animal? Pode parecer estranho, mas sim, ela existe!

A História da Reciclagem Animal
Há muitos anos, ossos de boi eram usados para fabricar utensÃlios como botões, pentes e peças de jogos de xadrez. Com a popularização do plástico, essa prática caiu em desuso, e muitas pessoas consideram "primitivo" reaproveitar materiais desse tipo. No entanto, quando pensamos em sustentabilidade, percebemos que os chamados "povos primitivos" estavam corretos em utilizar os recursos disponÃveis. Essa abordagem é benéfica, pois promove um consumo mais consciente e reduz a quantidade de resÃduos gerados.
No podcast 90, já comentamos sobre o exemplo de economia circular que o boi representa. Agora, pense na quantidade de resÃduos de origem animal, como carne de frigorÃficos e açougues. A primeira coisa que vem à mente é o mau cheiro e a proliferação de microorganismos. Esses materiais não devem ser descartados de qualquer jeito, e é importante refletir sobre o que fazer com as sobras do boi, do porco e da galinha.
O Que é Reciclagem Animal?
Os restos de animais, como ossos, gorduras, vÃsceras e carcaças, eram considerados lixo, mas ganharam uma nova chance com o processo de reciclagem animal, transformando-se em subprodutos comercializáveis. Segundo o boletim da CiCarne, o Brasil recicla cerca de 99% dos resÃduos derivados de estabelecimentos de abate e varejistas. Essa indústria possui um grande potencial de reciclagem, e as tecnologias modernas permitem transformar esses resÃduos de maneira limpa e segura.
Por exemplo, ossos e vÃsceras de boi podem ser processados para produzir uma farinha rica em proteÃna, cálcio e gordura. Esse resÃduo é cozido sob alta temperatura, moÃdo e transformado em farinha, que pode ser utilizada na ração de animais, como cães e gatos. Além disso, essa farinha pode ser usada na produção de porcelana, cerâmica e na refinação de prata.
Outros Usos dos ResÃduos Animais
O sebo, por sua vez, pode ser transformado em gordura energética composta de triglicerÃdeos. A hidrólise separa o glicerol do ácido graxo, e o sebo derretido é utilizado na fabricação de ração, produtos de higiene, limpeza, vernizes e lubrificantes. A indústria farmacêutica também utiliza esse material para produzir glicerina.
O sebo bovino é uma base para a produção de óleo diesel, o que é interessante do ponto de vista ambiental, pois não recebe carga ambiental da produção animal, resultando em uma menor pegada de carbono.
No caso da carne e ossos suÃnos, obtém-se a graxa suÃna, que é usada na fabricação de ração e biodiesel. A pele de porco, couro e ossos bovinos podem ser utilizados para produzir gelatina.
Legislação e Segurança
A reciclagem animal deve seguir as orientações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e a fiscalização é regida pelo Regulamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (RISPOA). Muitos estabelecimentos, especialmente os pequenos, costumam destinar seus resÃduos para aterros sanitários, o que não é a melhor solução, pois a decomposição da matéria orgânica pode expor a população a riscos de doenças e emissão de gases poluentes.
É importante ressaltar que a indústria está acostumada a trabalhar com materiais potencialmente perigosos, e o controle preventivo de doenças, juntamente com a rastreabilidade da matéria-prima, faz parte do processo. As instalações são desinfetadas regularmente, e a equipe utiliza equipamentos de proteção para evitar riscos de zoonoses.
O processamento garante que microorganismos não estejam presentes em alimentos para animais, utilizando temperaturas de 70°C em alguns minutos de cocção. O processo de reciclagem é realizado em temperaturas mais elevadas, variando de 115°C a 145°C por um perÃodo de 40 a 90 minutos, dependendo do sistema e dos materiais.
Você já tinha imaginado que existia a possibilidade de reciclagem animal? Essa prática não só ajuda a reduzir resÃduos, mas também transforma o que antes era considerado lixo em recursos valiosos. Conte para nós aqui ou através da plataforma do podcast+, nos siga no perfil @biologaroficial no Instagram e nas plataformas de áudio. Até a próxima!
