Varíola do Macaco
- biologar

- 14 de abr.
- 3 min de leitura
A Zoonose e Seus Impactos
Você deve ter ouvido falar da varíola do macaco nos últimos meses, não é mesmo?

O Que é a Varíola do Macaco?
Apesar do nome, os maiores hospedeiros da varíola do macaco são roedores, e não macacos. A doença recebeu esse nome porque foi identificada pela primeira vez em um macaco na Dinamarca em 1958. O primeiro caso em humanos foi registrado na República do Congo em 1970, e a varíola do macaco sempre foi considerada uma doença endêmica da África.
O primeiro surto fora da África ocorreu em 2003, nos EUA, entre pessoas que tinham como animais de estimação uma espécie de roedor chamada cão-de-pradaria. Ao contrário do que muitos pensam, essa nova emergência mundial, classificada pela OMS, começou em 2017, com o registro de novos casos na Nigéria após 40 anos sem ocorrências.
Entre 2018 e 2021, foram relatados sete casos de varíola do macaco no Reino Unido, principalmente em pessoas que viajaram para países endêmicos. No entanto, outros casos foram confirmados, alguns sem relação com viagens.
Características da Doença
A varíola do macaco é uma variação da varíola, mas é menos grave e tem menor capacidade de propagação. A vacina da varíola também oferece imunização contra a varíola do macaco. Atualmente, no Brasil, apenas os militares recebem a vacina da varíola, pois a doença foi erradicada no país há 50 anos. O primeiro caso de varíola no Brasil foi em 1563, na ilha de Itaparica, trazido pelos europeus, e ajudou a dizimar os povos nativos.
Até o momento, não está claro como a varíola do macaco se espalhou tão rapidamente. Os principais países afetados incluem Espanha, Reino Unido, Alemanha, EUA, França, Holanda, Canadá, Brasil e Itália, com o vírus confirmado em 44 países.
De acordo com os últimos dados do Ministério da Saúde, mais de 1.060 casos já foram identificados no Brasil, com um óbito de um homem que também tinha complicações imunológicas graves devido a um câncer.
Hipóteses para a Emergência
Existem algumas hipóteses sobre por que a varíola do macaco se tornou uma nova emergência. A primeira é que o vírus pode ter sofrido mutações, tornando sua transmissão mais eficiente. A segunda hipótese é a diminuição da proteção gerada pela vacina contra a varíola, já que os programas de vacinação foram suspensos há cerca de 40 anos. A terceira hipótese sugere que um novo nicho populacional pode estar propício para a disseminação.
A transmissão ocorre por contato próximo com lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados, como roupas de cama. Segundo a OMS, a transmissão de humano para humano está ocorrendo entre pessoas com contato físico próximo a casos sintomáticos. A confirmação dos casos é feita através de exame PCR.
Os grupos de risco incluem crianças, mulheres grávidas, pessoas imunocomprometidas e idosos, devido ao agravamento dos sintomas e ao risco de infecções secundárias.
Sintomas e Cuidados
Os sintomas iniciais da varíola do macaco incluem febre, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, linfonodos inchados, calafrios e exaustão. Lesões na pele se desenvolvem primeiro no rosto e depois se espalham para outras partes do corpo, incluindo os genitais. Essas lesões lembram as da catapora ou da sífilis, mas se diferem até formarem crostas que eventualmente caem.
Casos mais leves podem passar despercebidos, representando um risco de transmissão. O período de incubação é geralmente de seis a 13 dias, mas pode variar de cinco a 21 dias. Por isso, pessoas infectadas precisam ficar isoladas e em observação por 21 dias.
Não há tratamentos específicos para a infecção pelo vírus da varíola do macaco. Os sintomas costumam desaparecer espontaneamente, e a atenção clínica deve ser otimizada para aliviar os sintomas e prevenir complicações. É importante cuidar das erupções, evitando tocar em feridas na boca ou nos olhos. Enxaguantes bucais e colírios podem ser usados, mas é essencial seguir a orientação médica.
Prevenção e Vacinação
A melhor forma de lidar com a varíola do macaco é a prevenção. Isso inclui práticas de higienização das mãos, uso de máscaras, cuidados com roupas de cama e banho, manutenção da limpeza do ambiente e evitar contato físico com pessoas que apresentem sintomas.
O Ministério da Saúde instaurou um Centro de Operação em Emergências para acompanhar a situação epidemiológica e elaborar um plano de vacinação contra a varíola do macaco. A vacina a ser adquirida será de vírus não replicante, com previsão de 50 mil doses destinadas ao Brasil, conforme solicitação à Organização Pan-Americana da Saúde. O esquema de imunização deve ser de duas doses, com intervalo de 30 dias entre elas.
Os trabalhadores da saúde, membros da família dos infectados e parceiros têm maior risco de contaminação e provavelmente serão os primeiros a receber a vacina.
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